O NEGRO
Raymundo Cortizo Perez
O fato é contado como sendo verdadeiro,
acontecido na cidade de Santos.
Um pai que aconselhava a filha que estudava medicina,
pedindo para que ela, quando fosse arrumar um namorado,
que arrumasse um namorado tão qualificado e do mesmo nível social dela.
O tempo passou que passou e um dia, a moça ao seu pai comunicou
que estava namorando um colega de faculdade,
que cursava o último ano.
De pronto o pai ficou muito feliz, e disse para ela:
Convide-o para um almoço aqui em casa, assim vamos nos
conhecermos e tornarmos bons amigos.
O domingo chegou, e o almoço foi preparado com requinte.
Bem na hora marcada, o rapaz chegou,
a moça convidou-o para que entrasse,
em seguida chamou o pai, e um ao outro apresentou.
Logo depois, o pai chamou a filha em particular e lhe disse:
"Eu te pedi que arrumasse um namorado tão qualificado
e do mesmo nível que o seu,
e você arrumou um negro?"
...
Ó negro,
os seus netos são mulatos
os netos de seus netos já não são mulatos.
Outras tantas gerações apagaram a sua cor,
mas não apagaram a dor da sua alma.
Ó alma africana de negra dor!
Hoje, o sangue ancestral corre em pele branca
de mãos brancas e de rostos brancos
em corações africanos.
Mancharam a sua cor,
e a sua não cor, é a sua dor,
dor da mãe África dos antepassados.
...
O preconceito da cor, não está na cor dos olhos que enxergam,
está na cor que o coração sente:
Ele não tem a cor do amor,
mas têm a cor do ódio.
...
De geração em geração tingiram o homem negro:
Desbotado, o preto ficou branco,
só o sangue ficou da mesma cor,
...
Negro
é uma raça,
não é uma cor.
...
Todos os homens são iguais diante de Deus.
E o homem que desiguala outro homem pelo preconceito,
será desigualado por Deus.
Sensacional, grandioso, eloquente, uma bela obra. Parabéns poeta pela sua arte. Continue publicando poemas do mesmo nível que publica. Sou sua fã e admiradora de sua arte
ResponderExcluirVou continuar, sim. Pretendo escrever muito, quero dizer por muito tempo. Quanto ao poema, ele recebeu vários prêmios, e o que mais me agradou é que ele foi publicado em Angola, pela Universidade Eduardo Mondlande, em uma antologia, denominada de "Os melhores Poemas Africanos", eu não sou africano, e isso me honrou muito e ainda me honra. Aquele abraço.
ResponderExcluir