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segunda-feira, 20 de maio de 2019

O NEGRO E O PRECONCEITO

O NEGRO
Raymundo Cortizo Perez

O fato é contado como sendo verdadeiro,
acontecido na cidade de Santos.
Um pai que aconselhava a filha que estudava medicina,
pedindo para que ela, quando fosse arrumar um namorado,
que arrumasse um namorado tão qualificado e do mesmo nível social dela.
O tempo passou que passou e um dia, a moça ao seu pai comunicou
que estava namorando um colega de faculdade,
que cursava o último ano.
De pronto o pai ficou muito feliz, e disse para ela:
Convide-o para um almoço aqui em casa, assim vamos nos
conhecermos e tornarmos bons amigos.
O domingo chegou, e o almoço foi preparado com requinte.
Bem na hora marcada, o rapaz chegou,
a moça convidou-o para que entrasse,
em seguida chamou o pai, e um ao outro apresentou.
Logo depois, o pai chamou a filha em particular e lhe disse:
"Eu te pedi que arrumasse um namorado tão qualificado
e do mesmo nível que o seu,
e você arrumou um negro?"
...
Ó negro,
os seus netos são mulatos
os netos de seus netos já não são mulatos.
Outras tantas gerações apagaram a sua cor,
mas não apagaram a dor da sua alma.
Ó alma africana de negra dor!
Hoje, o sangue ancestral corre em pele branca
de mãos brancas e de rostos brancos
em corações africanos.
Mancharam a sua cor,
e a sua não cor, é a sua dor,
dor da mãe África dos antepassados.
...
O preconceito da cor, não está na cor dos olhos que enxergam,
está na cor que o coração sente:
Ele não tem a cor do amor,
mas têm a cor do ódio.
...
De geração em geração tingiram o homem negro:
Desbotado, o preto ficou branco,
só o sangue ficou da mesma cor,
...
Negro
é uma raça,
não é uma cor.
...
Todos os homens são iguais diante de Deus.
E o homem que desiguala outro homem pelo preconceito,
será desigualado por Deus.





2 comentários:

  1. Sensacional, grandioso, eloquente, uma bela obra. Parabéns poeta pela sua arte. Continue publicando poemas do mesmo nível que publica. Sou sua fã e admiradora de sua arte

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  2. Vou continuar, sim. Pretendo escrever muito, quero dizer por muito tempo. Quanto ao poema, ele recebeu vários prêmios, e o que mais me agradou é que ele foi publicado em Angola, pela Universidade Eduardo Mondlande, em uma antologia, denominada de "Os melhores Poemas Africanos", eu não sou africano, e isso me honrou muito e ainda me honra. Aquele abraço.

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