POEMA DA DENUNCIAÇÃO
Raymundo Cortizo Perez
Raymundo Cortizo Perez
No princípio
eras apenas paragens
de João Pinto Ferreira
eras apenas paragens
de João Pinto Ferreira
eu canto
eu denuncio o teu falso fausto
de Atenas Paulista
hoje feita em pedra de poesia
nada mais és que apenas...
de Atenas Paulista
hoje feita em pedra de poesia
nada mais és que apenas...
não te louvo
amo os teus esconderijos
os escondidos de tuas intimidades
me faz insonioso
os títulos de tuas ruas e avenidas
de nomes doutorais
só o povo sabe dar nome às coisas:
rua da paz
rua das Flores
avenida da felicidade
praça dos músicos
ponte da amizade
lago das rosas
amo os teus esconderijos
os escondidos de tuas intimidades
me faz insonioso
os títulos de tuas ruas e avenidas
de nomes doutorais
só o povo sabe dar nome às coisas:
rua da paz
rua das Flores
avenida da felicidade
praça dos músicos
ponte da amizade
lago das rosas
formosa foi um local de amores
que o falso progresso destruiu em fúrias
em nome do crescimento/desenvolvimento
que o falso progresso destruiu em fúrias
em nome do crescimento/desenvolvimento
eu denuncio o teu lixo
tua falsa moral
rua fome
tua nódoa
cicatriz navalhada
e a tua face esbofeteada
tua falsa moral
rua fome
tua nódoa
cicatriz navalhada
e a tua face esbofeteada
eu canto o encanto das morenas
das loiras e das mulatas
e das negras de cabelos trançados
e das meninas que nas piscinas
cobrem apenas a vergonha da nudez
das loiras e das mulatas
e das negras de cabelos trançados
e das meninas que nas piscinas
cobrem apenas a vergonha da nudez
não serei o teu poeta oficial
serei o poeta que te ama
e aceita o teu lado sórdido
sem ter o resignado gesto bíblico
de oferecer a outra face
serei o poeta que te ama
e aceita o teu lado sórdido
sem ter o resignado gesto bíblico
de oferecer a outra face
não te louvo
eu canto
eu denuncio
o grito dos oprimidos
dos desvalidos
o grito dos sufocados
eu canto
eu denuncio
o grito dos oprimidos
dos desvalidos
o grito dos sufocados
eu denuncio
a nódoa
perambulante que vaga pela cidade
sob o véu da noite
como vampiros
a nódoa
perambulante que vaga pela cidade
sob o véu da noite
como vampiros
eu denuncio
a tua náusea
o ócio
o ódio
o tédio
a inércia
a tua náusea
o ócio
o ódio
o tédio
a inércia
eu canto
não te louvo
amo as tuas esquinas
onde o vento modela
as nádegas de tuas mulheres
não te louvo
amo as tuas esquinas
onde o vento modela
as nádegas de tuas mulheres
cantarei
a tua líquida claridade
e os verdes seios maturescentes
o desejo brilhando nos olhos
de tuas meninas em flor como botões
de rosas desabrochando
a tua líquida claridade
e os verdes seios maturescentes
o desejo brilhando nos olhos
de tuas meninas em flor como botões
de rosas desabrochando
não te louvo
eu te canto
oh fêmea feita de sol suor e sexo
da praça feita de conversas
amigos conhecidos compadres
e os becos desvairados
eu te canto
oh fêmea feita de sol suor e sexo
da praça feita de conversas
amigos conhecidos compadres
e os becos desvairados
eu canto
os teus bêbados anônimos
os que se perderam na noite dos esquecidos
transviados e ébrios de amor
os teus bêbados anônimos
os que se perderam na noite dos esquecidos
transviados e ébrios de amor
eu canto
os teus poetas
os teus artistas
a lúcida inteligência
dos homens que enobreceram o teu nome
os teus poetas
os teus artistas
a lúcida inteligência
dos homens que enobreceram o teu nome
eu canto
o povo bom pobre e humilde
o povo bom pobre e humilde
não serei o teu poeta oficial
serei o poeta que te ama
serei o poeta que te ama
abro a porta da cidade
e me guardo em ti por que a ti te amo.
sou poeta civil
cais de ventania
em tempos de tempestades.
Eu te amo.
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