O TEMPO PAROU
Raymundo Cortizo Perez
Aqui pararam todos os relógios
Num pacto de dor
Dos oprimidos
Da gente sofrida
Das crianças descalças e de peito nu
Dos redimidos na fome
Dos trabalhadores rotos e sujos
Dos mendigos
O desespero sufocado
Dos homens cultos
Que estas esquinas conheceram.
O tempo aqui parou.
Por estas ruas podem-se ver às noites
Antigos vultos errantes
À cata de seus sonhos sob as pedras
Que viram-nos nascer e os recolheram.
Aqui pararam todos os relógios
Num pacto magoado de silêncio e dor!
Agora, ouve-se apenas os poetas
E loucos plantadores de arrebol
O resto confundiu-se na distância sob o pó.
Aqui pararam todos os relógios.
Aqui calaram todos os relógios.
Agora, sobre bússolas perdidas,
Apenas mãos heroicas mostram
Lanças que apontam vagos norte da memória.
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