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sábado, 6 de junho de 2020

BAIRRO ALTO


BAIRRO ALTO
Raymundo Cortizo Perez


O Bairro Alto,
 dos meus tempos de menino, não o de hoje!
embora pareça separado
e distancie e dificulte,
tem geralmente
a forma de seus moradores:
Humilde, bons e amigos.
Subir passo-a-passo é ruim e penoso,
mas quando se chega lá em cima,
a recompensa vem com o ar respirado,
quando se assenta ao chão.

Meu Bairro Alto,
compõe-se de uma única rua
às vezes é poeria, outras é lama,
buracos, escuridão, medo e solidão.
Varandas com cadeiras,
jardins com flores,
passarinhos cantando,
animais se misturando,
bares com bocha, baralho e bilhar,
futebol no meio da rua,
beti, malha, biroca e bate-rapa.

Ah... meu Bairro Alto
das festas dos Santos Reis,
São João,
São Pedro,
Santo Antonio,
festa até virar freguês.

Meu Bairro Alto
resumo-o e defino-o
na igrejinha de Santo Antonio
bem lá em cima,
bem lá no alto
com o bom santinho
olhando por todos nós
com o menino Jesus em seus braços,
(Até parece que ele diz: você vai se casar!)
cercando o vento,
recolhendo o sol,
espantando o mal,
chamando o bem,
ele, cheio de amor, pousa o seu olhar
nas confidências dos fiéis,
e em nome de Deus
também abençoa os crentes e ateus.

Meu Bairro Alto querido
(o do meus tempos de menino, não o de hoje!),
no vago norte da lembrança,
a minha saudade te rodeia,
só por um instante sou menino, sou criança,
e afetuosamente o meu coração te beija
e brinco sob a sombra da frondosa Jaqueira,
meu Bairro Alto
é borboleta multicores distendida na memória,
voa na alma e mora no meu coração.

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