Que a estrada seja suave
Que a estrada seja suave,
o vento, fresco;
o pão, macio;
e os doces, crocantes.
Que o cheiro das suas manhãs seja agradável:
cigarro,
leitura,
café,
e sol no seu rosto.
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Nostalgia
Agora estou de volta.
Carreguei o que a onda, antes de quebrar, carrega
—sal, espuma e rugido—
e toquei com minhas mãos uma criatura viva:
o silêncio.
Aqui estou eu, suspirando
como quem ama, lembra e está longe
e tudo é saudade
de antigas memórias.
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Quem parte leva consigo a sua lembrança,
o seu jeito de ser rio, de ser ar,
de ser adeus e nunca mais.
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Escolher a si mesmo e preferir
a si mesmo aos outros exige ter alcançado,
vital, emocional ou reflexivamente,
o que Sartre chama de situação-limite.
Uma situação-limite devido à sua intensidade,
ao seu drama,
à sua densidade metafísica de cortar o coração.
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