BORBOLETAS MORREM
Você me perguntou como eu me sentia. Você, que me deixou ir depois de prometer nunca mais, vem perguntar como me sinto sobre tudo isso. E eu não entendo o que é mais absurdo, a sua pergunta, me deixar ir, ou insistir que eu sou o amor da sua vida.
Eu não consigo entender.
Dentro de mim, milhões de borboletas nasceram, acendendo-se nas minhas noites solitárias quando você não estava lá. Essas borboletas apareciam toda vez que eu te via, quando você me beijava, quando eu te abraçava, quando você me amava. Meu corpo se tornou um santuário para borboletas, as mesmas que cresciam belas, brilhantes e coloridas... porque se alimentavam do meu amor por você.
Elas pareciam infinitas para mim...
Você se lembra de quando eu morria de medo de que você me deixasse? Você se lembra de quando você me disse que nada disso aconteceria?
Essas borboletas também se alimentavam da fé que você me deu. Até que um dia o medo se foi... e eu me senti segura. Segura em você.
Nunca acreditei que a fé fosse adulterada. Nunca acreditei que o para sempre se tornaria um fim.
Hoje, todas as noites me encontro em luto, porque todas as noites uma luz dentro de mim se apaga. Todas as noites uma borboleta morre dentro de mim... e todas as noites eu choro como nunca pensei que choraria. Todas as noites sou aquela garotinha indefesa segurando a borboleta morta em suas mãos trêmulas, pedindo ajuda ao meu Ser Supremo para não desistir ali. Porque sim... estou morrendo vendo morrer a segurança que tanto trabalhei para construir. Todas as noites minha luz se apaga... é assim que me sinto.
Todas as noites, antes de uma borboleta morrer, sonho com você.
Todas as noites, nesse sonho, você me diz 'adeus' novamente... e é como repetir meu destino uma e outra vez entre os lençóis frios e a umidade do meu travesseiro, que hoje é o ombro que segura minhas lágrimas.
Mas o que você sabe sobre lágrimas se sempre as aprisionou dentro de si? O que você sabe sobre o amor se foi fácil para você abrir mão daquele que você diz adorar? O que você sabe sobre o amor, sobre esse tipo de amor, sobre o amor que se entrega como eu, mesmo sabendo que sempre perderá?
No entanto, perder novamente... é ganhar novamente.
Perder é aprender... perder é lamentar, e a dor implica transformação. Eu sei disso.
Ontem à noite, uma linda borboleta morreu... Ela ainda respirava um pouco em minhas mãos enquanto eu mencionava seu nome e o meu, juntos, como a esperança que, fragmentada, permanecia unida ali, em suas asas azuis. 'Um infinito', ela me disse, 'um infinito'. O número em que eu acreditava correspondia à minha alma. Um infinito que chegou tarde a mim, temeroso e quebrado. Um que eu estava disposto a amar com total lealdade até meu último suspiro... assim como aquela borboleta fez.
Isso... é assim que eu me senti.
Poeta, mais que magnífico, explêndido texto, genial poeta. Você está na lista dos grandes escritores. Tenho uma grande curiosidade, sou amigo de um amigo seu de quando jovem: Ele me disse que você é um sambista de primeira, quero dizer que você dança muito bem. Que todo final de semana você ia em uma boate em São Paulo, muito famosa na época pelos frequentadores, que você era amigo do Vinicíus de Moraes e de outras feras que frequentavam lá. É verdade que você é um pé de samba?
ResponderExcluirObrigado. Realmente este conto está fazendo e muito sucesso. Quanto ao ser "sambista", eu era. Hoje, tenho artrose nos dois joelhos. Realmente passava todo final de semana em SP. A boate a que se refere, era a mais e melhor frequentada, a SOM DE CRISTAL - somente samba tocava com grandes artistas e frequentada também. É muito bom dançar samba, você tem o corpo da mulher nas suas mãos, e elas gostam disso mesmo. Quem não sabia dançar não arruma namorada, quem dançava escolhia, acho que hoje mudou, tem os tais de pancadões q
ResponderExcluirque não conheço. Conheçi o Vinicíus de Moraes, conheci outros poetas e intectuais, fui namorado da filha do Hermann Reipert, que era escritor, presidente da U.B.E. e diretor geral da Biblioteca Mário de Andrade, Mas, também conheci outros bares que ainda existem principalmente no Bixiga, e no centrão, casas que atendem há mais de 70 anos. Fui feliz e fiz muitas pessoas felizes. Obrigado. abraços
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