SOB O LENÇOL MANCHADO
Poetry Raykorthizo Perez
A vida não dá sopa,
dá pedregulho,
às vezes engulo,
outras, não.
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O amor, a morte
e a poesia,
quem explica?
Ninguém.
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Durante o sono,
a tua saudade
dorme
em mim.
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O amor é sem porquê.
Um amor é um amor é um amor,
o amor é o amor é o amor.
Há um amor
no meio do meu amor,
desse amor cuido eu,
ele é descuidado.
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Muitas vezes me olhando
com os seus olhos negros
me pergunta sorrindo:
- Em que crês?
Eu lhe respondo:
- Em teu amor eu encontro a minha fé,
meu paraíso,
meu Deus e minha eternidade.
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Os pássaros da saudade
repousam em mim.
Às vezes, cantam, voam...
Depois aninham-se.
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És diferente em tudo
e de todos,
para ti, bom mesmo é o que tens,
que é melhor que o de todos.
Morrerás
como todos morrem.
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As curvas do teu corpo,
os belos seios,
as roliças cochas,
tudo era meu.
Dia após dia,
o tempo é inconstante,
e caíste e levantaste, caíste, caíste...
Agora,
nem o teu retrato tenho,
restaram, apenas,
a conta da loja,
o batom, o rímel e o perfume impregnado,
empoeirados sob o lençol manchado.
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Bendita seja a mulher
que faz do seu corpo lindo,
o ninho de um destino em seu ventre.
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Nada fales,
nem pergunte
e nem interrogues.
O destino não te dirá nenhuma palavra,
entre a razão e o silêncio
não há diferença.
Não há outro caminho,
o caminho és tu
e a tua turbulência.
Hoje é a véspera.
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É preciso colher,
escolher
toda a poesia
do dia
na haste da dor
e da melancolia.
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Entre a sua boceta e o seu cu,
prefiro o tato hábil da minha mão.
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Hoje já não sou
o que antes era,
quando eu era
a minha quimera.
Hoje sou, sozinho;
sozinho sou.
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Não preciso aprender mais nada.
Já sei o essencial!
Absolutamente
tudo é sempre nada,
e coisa nenhuma
não é alguma coisa.
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Sou palavras em silêncio
e a noite escura e densa.
As estrelas me escrevem,
mandam poemas,
recitam,
depois soletram e ecoam.
Neste exato momento,
o momento não existe.
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Perdidas no ar
estão as palavras
e eu perdido nelas.
Quem me dera fosse eu,
o ar que beija os teus lábios.
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Por graça ou esporte,
por amor, tesão ou não,
enquanto eu te comia,
eu te fodia - mentia
dizendo que amava,
não amava, não,
não amava.
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O que mais dói é a dor
de não saber o que dói
se a dor que dói é a dor que mata
antes de se morrer.
Amor e dor,
um é o peso, o outro o contrapeso,
uma harmoniosa rima.
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